Bancos projetam boletos com código de barras e Pix


Os bancos trabalham em um projeto para oferecer, nos boletos, a possibilidade de o cliente pagar a conta com o Pix. O desenho é preliminar, mas simboliza os primeiros passos para a convergência do meio mais usado no pagamento de faturas de serviços públicos (o boleto) e um dos mais populares no comércio eletrônico com o sistema recém-lançado pelo Banco Central (BC).

Os boletos virão tanto com o código de barras tradicional quanto com o QR code do Pix, e o cliente poderá escolher como prefere pagá-lo, de acordo com esboço ao qual o Valor teve acesso. O modelo será apresentado ao regulador.

Num primeiro momento, está previsto apenas o pagamento integral das faturas por meio do Pix. Porém, as instituições financeiras também discutirão mais adiante como viabilizar que uma conta seja paga apenas parcialmente — situação que se vê, por exemplo, quando um cliente decide honrar apenas o valor mínimo do cartão de crédito em um determinado mês.

Os pagamentos parciais estão previstos pelo BC e, segundo o regulador, o recebedor terá de configurar essa opção se julgar que ela faz sentido para seu negócio.

Os boletos com possibilidade de pagamento instantâneo dão um passo além no chamado Pix Cobrança, ferramenta que vai permitir a lojistas emitir um QR code para cobranças imediatas ou em datas futuras.

A estruturação do projeto tem uma série de complexidades e requer definições técnicas. Está em discussão ainda se os boletos já nascerão com as duas possibilidades de pagamento ou se essa será uma opção da empresa que tiver pagamentos a receber.

Outro ponto importante ainda em aberto é se — e como — essas transações serão refletidas na Nova Plataforma de Cobrança (NPC) dos bancos. Lançado em 2018, o sistema reduziu drasticamente os problemas de adulteração de boletos no país, além de ter permitido que as contas fossem pagas em qualquer instituição financeira após o vencimento.

Questionado pelo Valor, o BC informou que o pagamento não precisará de integração com a NPC se o pagador usar o Pix. No entanto, fonte do setor disse que essa questão está sendo analisada para que não se deixem brechas para fraudadores.

Foto: Getty Images

De acordo com a Febraban, “um grupo de trabalho está estudando a melhor forma de incluir nos boletos de cobrança a possibilidade de os clientes pagarem via leitura do QR code, ou seja, incluindo a imagem do QR code no boleto para o cliente escolher a forma mais conveniente para realizar o pagamento”. A associação dos bancos afirmou que ainda não há uma data para a conclusão desses estudos.

Os bancos processam por mês entre 250 milhões e 350 milhões de boletos. Em termos de volume, apenas em outubro foram movimentados R$ 363,4 bilhões, conforme dados da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP). É um mercado relevante e que será potencialmente afetado pelo Pix.

O impacto do novo meio de pagamentos instantâneos não se dará apenas na substituição do boleto em si, mas também nos serviços de cobrança e arrecadação que vêm a reboque. Hoje, as companhias estabelecem convênios com os bancos e contratam deles soluções de conciliação de pagamentos, impressão e postagem dos boletos e protesto. Com o tempo, parte desses serviços tende a perder o sentido se o Pix de fato ganhar a preferência dos consumidores.

Por isso, as instituições financeiras estão debruçadas agora no desenvolvimento de serviços de maior valor agregado em torno do Pix — como, por exemplo, oferecer soluções de conciliação para companhias que atuarem como participantes indiretos.

Com a previsão de mais de uma possibilidade de cobrança, bancos e BC pavimentam o caminho para uma substituição dos boletos no futuro. É uma forma de atender os diversos perfis de clientes e fazer a transição para o novo modelo.

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