Bradesco, Itaú, BB e Santander: qual ação ainda vale a pena, após os balanços?

Banco do Brasil: papel é o favorito da XP Investimentos, entre os bancos brasileiros (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Agora que os quatro maiores bancos do país divulgaram seus resultados do primeiro trimestre, é possível avaliar quais ainda merecem a confiança dos investidores. Mesmo quem não costuma comprar ações desse setor precisa checar o humor do mercado, já que os bancos representam 20% da atual carteira do Ibovespa.

Para Marcel Campos, analista de bancos da XP Investimentos, o saldo da safra de balanços pende mais para o negativo. A maioria das instituições reportou ganhos abaixo do consenso de mercado, e já dá mostras de que foi contaminada pelo coronavírus. Ainda assim, há as costumeiras exceções.

Veja, a seguir, a avaliação geral do analista para os maiores banco do país.

Santander: é melhor esperar
Dos quatro maiores bancos brasileiros, o Santander Brasil (SANB11) foi o único que divulgou resultados acima do estimado pelo mercado – os R$ 3,9 bilhões de lucro foram 8% maiores que o consenso. Mas, isso não é, necessariamente, um mérito.

Campos lista alguns pontos que merecem uma atenção especial. As provisões e os impostos ficaram “abaixo do esperado”, assim como o “consumo da cobertura para inadimplências.” Esses itens ajudaram a elevar o lucro do Santander.

Santander: baixo impacto do coronavírus inspira cautela da XP Investimentos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O índice de cobertura das operações, no nível 1, recuaram de 14%, no quarto trimestre de 2019, para 12,6%. O banco também está com “uma inadimplência baixa e não usual” de 3%.

Isso é ainda mais curioso, quando se considera que 69% da carteira de crédito é gerada por empresas de varejo, que sentiram um impacto brutal do coronavírus.

A combinação de uma carteira de crédito mais arriscada, com menor nível de cobertura e de capital pode atrapalhar o banco nos próximos trimestres. Por tudo isso, a recomendação da XP Investimentos para suas ações é neutra, com preço-alvo de 30.

Banco do Brasil: ação casca-grossa para encarar o coronavírus
Uma prova de que o lucro não é o único combustível do mercado é o Banco do Brasil (BBAS3). O banco, controlado pelo governo federal, apresentou lucro 25% menor que o consenso de mercado. O ROE (Retorno sobre patrimônio líquido) baixou de 16,9% para 12,3%, na comparação com o quarto trimestre.

Para Campos, o lucro desapontou, mas o Banco do Brasil ainda tem muitos méritos, e o maior deles é estar preparado para o choque econômico que virá na esteira do coronavírus.

Entre as estacas que reforçam suas barricadas, estão o robusto índice de cobertura de inadimplentes; a maior capitalização entre os grandes bancos, com o índice nível 1 de 13,9%, e uma carteira de crédito defensiva, com 40% focada em crédito rural e consignado.

Por tudo isso, o Banco do Brasil é a ação top pick (a favorita) da XP Investimentos no setor bancário. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 43.

Bradesco: a pechincha do setor
O Bradesco (BBDC4) também divulgou números decepcionantes, segundo o analista da XP, com o lucro 38% menor que o consenso do mercado. A rentabilidade, medida pelo ROE (retorno sobre patrimônio líquido), recuou fortemente de 20%, no ano passado, para 11%.

Outro aspecto preocupante, para Campos, é a velocidade com que sua carteira de crédito se deteriorou. Um exemplo é a alta generalizada da inadimplência em todos os segmentos, com destaque para as pequenas e médias empresas (alta de 80 pontos-bases, para 4,5%).

As incertezas causadas pela pandemia levaram o banco a suspender o guidance de 2020. Apesar de tudo, a XP Investimentos ainda aposta no papel. Sua recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 28.

A gestora argumenta que o preço do papel está barato demais para deixar passar, negociado a 1,4 vez seu valor patrimonial.

Itaú Unibanco: preparado para a guerra
Dos quatro bancos, o Itaú Unibanco (ITUB4) é o que mais enfatizou as medidas para se precaver do choque econômico do coronavírus. O lucro abaixo do esperado decorreu do maior provisionamento de recursos para devedores duvidosos.

O Itaú conta, agora, com uma cobertura de 239% para a inadimplência, ante 229% no quarto trimestre. Somente em recursos extras, foram alocados R$ 27,4 bilhões para combater um surto de não-pagamentos. “O Itaú está se preparando para a guerra, e aprovamos sua atitude”, diz a XP Investimentos.

A recomendação para os papéis, contudo, é neutra, com preço-alvo de R$ 30.

Fonte: money times
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