Rede de atacarejo mineira – braço nordestino dos grupos SFA e Super Cidades - inicia operação com a primeira loja em Pernambuco, enquanto player de home center entra no mercado paraibano, com unidade em João Pessoa
Foto: Rhudá Jardim/Divulgação
Embora o mercado ainda esteja bastante desaquecido, os players do comércio que incluíram o Nordeste no planejamento estratégico e os que já estão na região reagem, com investimentos, à estagnação econômica. O objetivo é se preparar para o pós-crise. Um excelente exemplo é a estreia da rede de atacarejo Novo Atacadão, braço nordestino dos grupos mineiros SFA e Super Cidades. A marca, lançada em abril passado, inaugurou nesta quinta-feira (26/9) a primeira loja, localizada em Carpina (PE) e que recebeu aportes de R$ 30 milhões. O empreendimento integra um plano de R$ 500 milhões que prevê a implantação de 20 operações. Já a rede pernambucana de home centers Ferreira Costa está expandindo a atuação, com a entrada na Paraíba, por meio de um loja recém-inaugurada em João Pessoa. O empreendimento demandou R$ 100 milhões.
Os dois cases evidenciam a disposição do comércio de retomar o crescimento de suas operações, passada a fase mais aguda da crise e iniciado um ciclo de lenta recuperação das vendas, marcado por indicadores de desempenho modestos. Em Pernambuco, por exemplo, o comércio varejista registrou incremento de acanhados 0,8% no primeiro semestre de 2019 comparado ao mesmo período de 2018, de acordo com a Agência Condepe-Fidem. Mas, atentos a esses sinais, os players desengavetam seus planos de expansão, visando ganhar musculatura para quando o mercado voltar a crescer de forma mais vigorosa.
No caso do Novo Atacadão, o plano para Pernambuco será executado nos próximos quatro anos e inclui o lançamento de um cartão de crédito com bandeira própria. A estratégia, diante do salto do atacarejo no Grande Recife ao longo da década, é aproveitar as oportunidades nas cidades médias do interior. Há um grande potencial para o segmento nesses mercados que estão na mira da rede mineira.
A ofensiva começa em Carpina (Zona da Mata Norte, a 54 km do Recife), onde a inauguração teve a presença do governador Paulo Câmara. A cidade tem 81 mil habitantes. “Vimos que Carpina tem uma densidade demográfica muito grande, com uma população concentrada. Outro fator que chamou nossa atenção foi o entorno. Há muitas cidades próximas e que geram um fluxo de pessoas bastante intenso. Esse fluxo, somado aos moradores da cidade, representa clientes em potencial que queremos atrair”, detalhou o CEO da rede, Daniel Costa, sobre a inclusão de Carpina no plano de negócios.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, destaca que o foco da rede em cidades fora da Região Metropolitana da capital e com o perfil de Carpina vai ao encontro da estratégia do Governo de Pernambuco de interiorização dos investimentos privados. Ele ressalta ainda o impacto relevante de um investimento dessa ordem em municípios de médio porte.
Inaugurações
Na sequência, o Novo Atacadão vai inaugurar mais três lojas, até abril de 2020, nas cidades de Vitória de Santo Antão, Arcoverde e Santa Cruz do Capibaribe. A próxima a entrar em funcionamento é a de Vitória, em dezembro.
Nessa etapa do plano, o investimento programado é de R$ 130 milhões e cada loja – com em média 12 mil metros quadrados de área construída e 500 vagas de estacionamento - está orçada na casa dos R$ 30 milhões. Juntas, as quatro primeiras operações vão gerar 1,5 mil empregos diretos e cerca de três mil indiretos. A de Carpina tem 300 empregados diretos.
No caso das próximas unidades, o processo seletivo será iniciado em outubro, com inscrições exclusivamente pela internet e prioridade para as vagas de operador de caixa, estoquista, operador de empilhadeira, repositor de estoque, açougueiro, gerente e subgerente de loja.
Quanto ao mix, as lojas contarão inicialmente com oito mil itens, entre alimentos perecíveis, não perecíveis, artigos de higiene, limpeza, automotivo, bomboniere e bebidas, dentre outros produtos.
Ferreira Costa
A Ferreira Costa, que entrou no mercado de Sergipe em 2015 e está presente na Bahia desde 2008, retomou o projeto de expansão, com a loja na capital paraibana, inaugurada semana passada. Localizado no bairro do Bessa, um dos mais nobres da cidade, o home center tem 37 mil metros quadrados, 347 vagas de estacionamento e um mix com 75 mil produtos para casa, construção e decoração. A estrutura inclui um mall com capacidade para 21 operações, entre lojas, quiosques e restaurantes.
Sobre a decisão de apostar na Paraíba, o diretor Guilherme Ferreira Costa afirma que a empresa viu uma grande oportunidade numa economia estadual que vem resistindo à crise. Particularmente sobre João Pessoa, ressalta que é um mercado onde a construção civil e o mercado imobiliário vem se recuperando desde o ano passado. De fato, o estoque de imóveis na Grande João Pessoa chegou a oito mil unidades no auge da crise, em 2016, recuou de para seis mil no final do ano passado e deve cair para quatro mil até o final de 2019.
“João Pessoa é uma das cidades mais promissoras do Nordeste. Aqui, a construção civil não parou como em outras cidades. Entendemos que era uma chance. Enxergamos demanda para o nosso negócio agora e principalmente no futuro, pois o nosso segmento tem uma dinâmica muito ligada aos setores de construção e imobiliário”, ressalta o empresário. “Além disso, como se trata de um Estado vizinho a Pernambuco, as condições para integração logísticas são muito boas e essa facilidade operacional se somou ao potencial de mercado. Foram dois fatores que pesaram em nossa escolha sobre onde investir”, explica.
Fundada em 1884, a Ferreira Costa completou 135 anos em agosto passado. A rede é formada por seis lojas em Garanhuns – cidade onde a empresa nasceu – Recife, Salvador, Aracaju e agora João Pessoa. Essas operações, somadas, geram três mil empregos.
Fernando Ítalo
Fonte: CBN Recife
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