Após fechar mês com queda acima de 37%, bitcoin pode sofrer no curto prazo, segundo especialistas; JPMorgan reafirma preço alvo de US$ 145 mil para o longo prazo
(Chesnot/Getty Images)
Maio foi desastroso para o bitcoin. Ao fechar o mês cotado abaixo de 37 mil dólares, a criptomoeda registrou o pior desempenho mensal em quase 10 anos - e teve o seu pior mês desde setembro de 2011. Agora, especialistas falam sobre o futuro da criptomoeda e concordam: a recuperação pode demorar e os investidores devem pensar no longo prazo.
A queda durante o mês de maio - de 58.200 para cerca de 36.400 dólares - superou os 37% registrados em novembro de 2018, ficando apenas um pouco abaixo dos 40% de desvalorização em setembro de 2011, que foi o pior mês da história da criptomoeda.
O bitcoin sofreu em maio devido a uma série de notícias negativas sobre o ativo digital - preocupações sobre impacto ambiental e regulação, principalmente. Da notícia de que a Tesla deixaria de aceitar o bitcoin como pagamento aos anúncios regulatórios da China, o bitcoin caiu de 58.200 dólares para pouco menos de 30 mil dólares em apenas oito dias, até 19 de maio, e seu preço vem "andando de lado" desde então.
Especialistas analisam futuro do bitcoin
Segundo a empresa de análise de blockchain Glassnode, o "crash" no preço do bitcoin foi causado principalmente pela venda de posições de novos investidores, que compraram a criptomoeda no primeiro trimestre do ano, quando o bitcoin atingiu seu preço recorde de 64 mil dólares, e, assustadas com a queda, liquidaram suas posições.
André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual, também citou o mercado de derivativos como fator relevante para a queda: "O mercado veio em uma sequência de alta muito forte desde abril do ano passado, estava muito alavancado. Um fluxo de notícias com um viés negativo durante as últimas semanas do mês passado fez com que o mercado sofresse uma correção, que foi potencializada pelo acionamento de stops e liquidações de grandes posições. Movimentos como esse são normais quando o mercado está muito alavancado".
Por outro lado, tanto Portilho quanto os analistas da Glassnode concordam que investidores de longo prazo e institucionais continuaram comprando a criptomoeda durante o movimento de baixa das últimas semanas. "Durante toda a queda, observamos grandes compras de investidores institucionais, reafirmando o interesse nessa classe de ativos. Como qualquer tecnologia nova, o importante neste mercado é focar nas possibilidades no longo prazo", disse o especialista do BTG. Segundo a Glassnode, o número de carteiras com pelo menos 1.000 bitcoins cresceu desde 19 de maio, chegando a 4,149 milhões - 25.000 novos endereços atingiram esse valor sob custódia.
Nikolaos Panigirtzoglou, estrategista do JPMorgan, por sua vez, afirma que, embora sua meta de longo prazo para o preço do bitcoin seja de 145 mil dólares, ele acredita que, no curto prazo, a queda de preços pode continuar, com o preço do bitcoin chegando até 24 mil dólares. “O valor justo para bitcoin, com base em uma taxa de volatilidade do bitcoin para o ouro de cerca de quatro vezes, seria um quarto de 145 mil dólares, ou 36 mil dólares. O valor justo para o bitcoin com base na proporção de volatilidade atual do bitcoin para o ouro, de cerca de seis vezes, seria um sexto de 145 mil dólares, ou 24 mil dólares. Vemos, portanto, uma faixa de valor justo de 24 mil a 36 mil dólares no médio prazo”, disse, em nota, indicando o preço de 145 mil dólares como alvo “assumindo que haja uma convergência da volatilidade do bitcoin com a do ouro e uma equalização das alocações do bitcoin com a do ouro nas carteiras dos investidores.”
Para ele, os investidores institucionais estão um pouco relutantes para fazer grandes compras depois do "crash": “Observamos que o mero aumento da volatilidade, especialmente em relação ao ouro, é um impedimento para uma maior adoção institucional, pois reduz a atratividade do 'ouro digital' em comparação com o ouro tradicional em carteiras institucionais”, afirmou.
Além do bitcoin, o ether também teve um mês muito ruim para os investidores, fechando maio com queda de 12% - o primeiro mês no vermelho desde setembro de 2020. Ao mesmo tempo, o ouro subiu 7% no período, sua maior alta desde julho de 2020.
Fonte: Exame
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