BTG, maior banco de investimentos da America Latina lançara a Mynt, primeira corretora de cripto pertencente a um banco.

A instituição lança a Mynt no início do próximo trimestre. Com isso, se tornará o primeiro banco brasileiro a ter a própria plataforma de criptomoedas e a fazer frente a Mercado Bitcoin e Bitso


Cinco meses depois de lançar o seu primeiro fundo atrelado a bitcoins, o BTG Pactual decidiu dar um passo ainda maior para avançar no mercado de criptoativos. Trata-se de um esforço para quebrar a desconfiança de parte dos investidores e aproveitar a expansão de um segmento que ainda engatinha.

Agora, o banco de investimentos terá a própria plataforma de negociação de criptoativos, a Mynt, que será lançada no início do próximo trimestre, segundo anúncio feito nesta segunda-feira, 20 de setembro.

André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual

Em um primeiro momento, o objetivo do BTG é se valer da força da sua marca para chegar a investidores que ainda têm um pé atrás quanto às criptomoedas. “A maioria deles tem receio porque não há uma instituição de peso fazendo isso”, disse André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual.

A XP é uma das grandes que chegou a tentar entrar nesse mercado – talvez no timing errado. Em 2018, os sócios da companhia, por meio da XP Controle, lançaram uma corretora de bitcoins, a Xdex. Em razão de dificuldades para crescer em um mercado ainda pouco regulado, o negócio encerrou as atividades em março de 2020.

O BTG, que se tornará também o primeiro banco brasileiro a ter a própria plataforma de criptomoedas, vai oferecer, no início, as duas principais moedas do mercado, o bitcoin e a ethereum. E a plataforma só vai estar disponível, no começo, para aqueles que já são clientes da instituição (BTG Pactual Digital, BTG+ e a área de wealth management).

Mas o banco também quer chegar ao público geral, em um plano de mais longo prazo. “As criptomoedas ainda são um investimento de nicho, mas têm potencial para virar um investimento normal”, disse o executivo.

O tamanho do mercado de criptomoedas no Brasil ainda é um mistério, pois ainda não há uma instituição que congregue os dados de todos os participantes. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou à Associação Brasileira de Criptoeconomia (Abcripto) que, só em 2021, cerca de R$ 25 bilhões saíram das instituições bancárias para as plataformas de criptomoedas.

“Mas o total transacionado no mercado com certeza é muito maior, porque há as transações que são feitas fora do sistema bancário e que não são capturadas”, diz Rodrigo Monteiro, diretor-executivo da Abcripto. Só é possível ter uma noção a partir dos números de alguns competidores.

O Mercado Bitcoin – umas das principais plataformas do mercado brasileiro, ao lado de BitcoinTrade e Foxbit – tem 2,9 milhões de clientes cadastrados e foi avaliado em US$ 2,1 bilhões depois de um aporte de US$ 200 milhões do Softbank. Só em agosto, foram 4,2 milhões de transações realizadas, quase o dobro das 2,4 milhões de operações efetuadas no mês anterior. A companhia não tem revelado os valores transacionados.

A mexicana Bitso, que vale US$ 2,2 bilhões, vai investir R$ 1,5 bilhão para impulsionar sua plataforma de negociação de bitcoins e outros criptoativos no Brasil, onde opera desde maio deste ano. A startup recebeu, em junho, um aporte de US$ 250 milhões de fundos como Tiger Global, Coatue, Kaszek, Valor Capital e Paradigm. O Softbank é também acionista da empresa.

O Zro Bank, uma fintech de câmbio que nasceu há exatamente um ano e também funciona como uma plataforma de negociação de criptomoedas, registrou R$ 2 bilhões em conversões entre o real e o bitcoin no período.

O próprio BTG – que tem dois fundos atrelados a bitcoins, um que investe até 20% na criptomoeda e outro que aplica 100% – soma R$ 58 milhões em recursos sob gestão nas duas carteiras. Desde que foi lançado, no dia 13 de maio deste ano, o fundo de 100% acumula desvalorização de 4,76%, enquanto o CDI, no mesmo período, avançou 1,46%.

Segundo Portilho, o lançamento da plataforma será uma “continuidade” do que o banco tem feito no segmento. O executivo não revela quais são as metas para a Mynt, mas acredita que o negócio crescerá baseado em uma estratégia que aposta em um uso simples e intuitivo da tecnologia.

“É para o cliente que não é necessariamente um expert ou um entusiasta do mercado de criptomoedas, mas que quer ter a segurança e o suporte do BTG”, disse. “A Mynt também trará conteúdo com o objetivo de educar e informar os clientes sobre essa nova tecnologia”.

Monteiro, da Abcripto, vê como positiva a entrada de instituições como o BTG no mercado, por entender que há uma resistência do setor bancário a se relacionar com o segmento.

“Significa que o mercado está evoluindo”, disse o diretor-executivo, que ponderou que o público típico do segmento, em geral mais jovem, costuma ser mais “arredio” aos bancos. “Mas iniciativas como a do BTG podem ser interessantes aos investidores que gostam de ter tudo em um só lugar”, afirmou.

O mercado tem avançado ao mesmo tempo em que aguarda o Congresso concluir as discussões que iniciou para regulamentar o setor. Da parte do Banco Central (BC) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo menos, a sinalização tem sido positiva. “O intuito é de regular sem coibir a inovação”, disse o executivo do BTG.

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